Em 14/09/2020

 

Sepultado um dos maiores baluartes da vida contemporânea de Itaporanga

 



          Por Redação da Folha – Sargento reformado da Polícia Militar, comerciante, eletricista, radialista, pedagogo, assistente social, humanista e, principalmente, poeta. Assim gostava de ser tratado, como poeta, um grande poeta popular. O corpo de Erivar Moisés de Lima, de 55 anos, foi sepultado na tarde desta triste segunda-feira, 14, no cemitério de Itaporanga, com honras militares e lágrimas de familiares e amigos. Sua morte prematura comoveu toda a cidade, que perde uma voz ativa e vibrante em defesa da cultura e da própria sociedade.

          Ele deixa esposa e três filhos, um deles, Erivar Júnior, está na faculdade de medicina. Matheus é formando em direito e Ausivar concluiu contabilidade e é funcionário do Banco do Brasil. O encaminhamento dos filhos para o bem, o estudo e o trabalho, o seu famoso mercadinho Dia & Noite, na Rua Argemiro de Figueiredo, a formação superior e sua carreira na polícia eram seus maiores orgulhos. Também se orgulhava do começo de tudo: foi gari na adolescência. Varria as ruas do centro de Itaporanga ao lado do pai, antigo funcionário da Prefeitura e ainda hoje vivo e ativo.

           Moisés estava internado havia quase duas semanas no hospital de Piancó, depois de sofrer uma infecção pulmonar, supostamente provocada pelo coronavírus. Nos últimos dias, seu quadro clínico piorou e ele foi transferido para um hospital de Campina Grande, mas já não havia jeito. Sua morte, ocorrida na madrugada desta segunda-feira, surpreendeu a todos porque se tratava de um homem extremamente ativo e sadio. Era também uma pessoa muito sensível: colaborava com a fundação humanitária José Francisco de Sousa em sua luta contra as injustiças e a fome. Em seus folhetos de cordel, muitas vezes expostas em suas palestras nas escolas e eventos públicos, também gritava contra as desigualdades e versava sobre diversas questões sociais e humanas. Assim também como em seus programas de rádio e em suas redes sociais.

          Por ocasião da pandemia, foi um dos primeiros comerciantes da cidade a tomar medidas sanitárias no seu estabelecimento para evitar a proliferação do vírus. Ativista cultural e social, era um cidadão preocupado com os problemas de Itaporanga e costumava fazer questionamentos à gestão municipal e aos governos como um todo e uma de suas pautas era a saúde pública. Acreditava que Itaporanga poderia ter um hospital melhor para que os pacientes daqui não precisassem ser deslocados para fora e também acreditava que a saúde hospitalar de Piancó, que é referência regional no tratamento da covid, poderia ser bem mais qualificada.  Se essa realidade fosse outra, esse grande itaporanguense poderia estar vivo como muitos outros que também pereceram.

 

 

 

 

 

 

 

 


 

 
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