Em 10/03/2017

 

PRU MODE?

 



           Certa vez, encontrei-me com o professor Dorgival Terceiro Neto nos corredores da Central de Aulas da UFPB e travamos o seguinte diálogo: - Vai dar sua aulinha Professor? E a resposta, com a irreverência que lhe era peculiar: - Não, meu filho, eu não sei ensinar e nem os meninos querem aprender!

            Por estes dias, lembrei-me das sábias palavras do saudoso mestre quando li algumas pesquisas sobre o ensino no país, feitas pelo IBGE. Alguns desses dados, em especial, chamaram-me atenção, senão vejamos: segundo o IBGE, de cada 100 alunos do ensino médio, apenas sete sabem matemática; 28 aprendem português, e por aí vai. A mesma pesquisa em relação aos professores e suas matérias correlatas: 73% dos professores de física não têm formação na matéria, 46% dos professores de química, idem, e um terço em relação à matemática. Ora, com estes números devastadores, não é de se estranhar que somente os alunos com as menores médias no ENEM busquem o magistério como profissão.

            A mesma pesquisa também mostrou que, no início da carreira do magistério, a diferença salarial, em relação às demais carreiras, e de aproximadamente 11%, porém, já nos primeiros dez anos, este percentual chega a 44%, daí o pouco interesse pelo sacerdócio do magistério. Agora, se você não tem vocação, procure outra carreira, e não use o magistério como trampolim para fazer política partidária ou sindical, como ocorre com grande parte dos professores. Quando o governo federal anunciou a reforma do ensino médio, houve gritos e ranger de dentes, com a molecada sendo estimulada, por muitos mestres, a invadir as escolas, sob o argumento de que aluno do ensino médio já é politizado o bastante para ser contra a tal reforma.

          Que reforma? Quando os repórteres entrevistavam os alunos e perguntavam sobre a MP da reforma, nenhum tinha sequer lido o texto, e seguia a pergunta: Então por que a ocupação? E a resposta era óbvia: bem, pintou uma bagunça!!! Então, este é o retrato do ensino no Brasil, como dizia o saudoso mestre Dorgival Terceiro Neto, “Gente que não sabe ensinar, ensinando gente que não quer aprender”. Assim, quando o governo propõe uma reforma para melhorar a qualidade do caótico ensino, logo surge a oposição dos que não sabem ensinar, e, pior, induzindo a baderna dos que não querem aprender. Como resultado, milhões de brasileiros hoje no: nem, nem, nem, Nem estuda, nem trabalha e nem procura. Como diria o celebre personagem interpretado pelo brilhante Jô Soares: “A ignorância da juventude é um espanto” Vôte!

 

          Ocino Batista, professor e diretor da Vara do Trabalho de Itaporanga.

 


 

 
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