Em 23/06/2016
Por Redação da Folha – Exatamente às seis horas desta quinta-feira, 23, noite de São João, como faz há muitas décadas, o agricultor aposentado Otávio José da Silva, acendeu sua fogueira junina, e tem um motivo a mais para comemorar: é seu aniversário de 94 anos. “Nasci na noite de São João de 1922”, disse ele sentado na velha cadeira de pau e couro, uma herança da cultura rural.
A tradição da fogueira, ele também trouxe do campo, onde viveu a vida inteira. Só há pouco tempo mudou para a cidade, mas não perdeu os costumes rurais: em frente de sua casa, na Avenida Padre Lourenço, centro de Itaporanga, montou sua fogueira e presenteou também os dois vizinhos que o ladeiam, cada um com com lenha para aceder a tradição.
Apesar da idade avançada, foi ele próprio quem retirou a madeira da caatinga: sua terra fica a quilômetros da cidade e conseguiu no mato lenha para várias fogueiras. “E já trouxe também a madeira para a fogueira de São Pedro”, comentou risonho.
O homem, que começou a trabalhar na agricultura aos 7 anos de idade, no sítio Caiçara, que fica entre Santana e Itaporanga, comunidade rural onde nasceu, diz que, se tivesse condições físicas, ainda hoje estava na roça. Por mais de 50 anos, seu Otávio trabalhou em uma propriedade do sítio Jardim, onde conseguiu adquirir um bom pedaço de terra graças a muito esforço. "Trabalhei muito tempo em terras dos outros, e só depois é que comprei a minha", disse.
Perguntado sobre qual foi o ano mais seco que enfrentou ao longo de tanto tempo de vida no campo, ele é rápido: “Nunca houve tempo mais seco do que os últimos três anos, porque em 32 foi seco, mas chovia aqui e acolá, tinha pasto para o gado, mas, nessa seca de agora, quem não comprar uma ração para os bichos, perde tudo porque não tem pasto nenhum”, comentou.
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