Em 18/09/2017

 

Esquema para desviar dinheiro da transposição pode ter sido motivo de exclusão do rio Piancó. Entenda

 



           Por Redação da Folha – Os vários desdobramentos da operação Lava-Jato e os muitos delatores ouvidos mostram claramente que um grande esquema de propinas, através do superfaturamento de obras, também funcionou na execução do projeto de Transposição de Águas do Rio São Francisco.

            Isso pode explicar, em grande parte, a exclusão do rio Piancó do projeto atual e responder a seguinte pergunta: se a entrada de água na Paraíba pelo rio Piancó era a mais barata e também a mais viável tecnicamente, então por que foi excluída para dar lugar ao rio Piranhas? Mais do que os interesses políticos e econômicos de Sousa e Cajazeiras, a corrupção pode estar por trás dessa mudança de rota do projeto.

            Como as nascentes do rio Piancó passam rentes ao Eixo Norte da transposição, barateando o custo financeiro da obra, além da viabilidade técnica, uma vez que o rio barra o açude de Coremas/Mãe D’água, que já tem canais abertos para grande parte do estado, o rio Piancó constava no projeto original da transposição, mas, no começo da gestão Lula, foi excluído do mapa das obras e não consta no projeto atual, que já vem sendo executado há oito anos.

            Excluíram o rio Piancó para incluir o rio Piranhas. Essa mudança trouxe um aumento de custo superior a 1 bilhão de reais para a obra e criou outro problema: o Piranhas não tem capacidade de armazenamento nem capilaridade, ou seja, não consegue resolver o problema hídrico da maior parte do Sertão paraibano. Hoje, com a seca de Coremas e a ameaça de que grandes centros urbanos como Patos, Pombal e Santa Luzia fiquem sem água, além do próprio  Vale, muitos políticos estão agora defendendo a entrada de água pelo rio Piancó, alguns deles, que, inclusive e ironicamente, no passado trabalharam exatamente para a exclusão do rio Piancó.

            O problema é que, como o custo de entrada de água na Paraíba pelo rio Piancó era de pouco mais de 200 milhões de reais, o governo, atendendo diversas e escusas influências, preferiu encarecer a obra em mais de 1 bilhão para aumentar a indústria da propina e deu certo. A expectativa é que a água entre no Piranhas no próximo ano, mas a maior parte do Sertão permanecerá sem água enquanto o Piancó estiver excluído. “No Brasil, o caminho mais barato e viável de uma obra pública nem sempre é o percorrido pelos políticos mandatários, porque há muitos outros interesses, nem sempre éticos, por trás das ações públicas”, disse em nota a fundação humanitária e ambiental José Francisco de Sousa, ao lamentar também que o rio Piancó teve até o nome excluido da bacia hidrográfica da qual é o principal contribuinte, a bacia Piranhas/Açu, tudo para diminuir a importância do rio Piancó e motivar sua exclusão do projeto. A entidade chegou a denunciar o caso ao Ministério Público Federal em Sousa, mas nunca teve resposta. Imagem oficial: o rio Piancó é o principal curso d'água sertanejo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

 
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